O que aconteceu na economia? | Maio de 2025

Cenário Externo

Maio foi um mês de forte recuperação dos ativos globais, mesmo com as tarifas comerciais ainda em pauta. A principal novidade foi um acordo preliminar com a China, que reduziu a tensão e a volatilidade vistas nos meses anteriores. Já a União Europeia tem adotado uma postura reativa, aguardando declarações do governo americano para se posicionar, o que limita avanços substanciais.

Mas o grande destaque do mês veio do judiciário americano. A US Court of International Trade (USCIT) barrou tarifas de 10% impostas pelo governo Trump a parceiros como México, Canadá e China, alegando uso indevido da legislação de emergência econômica de 1977. A resposta do governo foi imediata: recorreu da decisão e sinalizou que buscará outras vias legais para manter as tarifas. O mercado, que inicialmente reagiu com otimismo, voltou à cautela diante da resposta firme da Casa Branca.

Os dados econômicos dos EUA seguem robustos: inflação sob controle, mercado de trabalho aquecido e bons resultados corporativos no primeiro trimestre. O crescimento mais fraco do PIB no início do ano foi atribuído a uma antecipação de importações, e não a uma perda de fôlego da atividade econômica.

No entanto, o cenário fiscal americano voltou a gerar apreensão. A meta do secretário do Tesouro, Scott Bessent, de reduzir o déficit de 7% para 3% do PIB ainda parece distante. a retomada dos cortes de impostos de 2017, em linha com a campanha de reeleição de Trump, pode pressionar ainda mais o orçamento no curto prazo. A leitura do mercado é clara: os riscos fiscais aumentaram. A Moody’s (agência de crédito) rebaixou a nota de crédito dos EUA, alinhando-se a S&P e Fitch, o que coloca o país no mesmo patamar de rating de nações como Áustria e Finlândia.

A taxa da Treasury de 10 anos (título do tesouro americano) subiu de 4,2% para 4,5% ao longo do mês, refletindo esse maior risco fiscal e o temor de diversificação das reservas globais, que hoje ainda são fortemente concentradas em dólar.

Cenário Local

Maio foi mais um mês positivo para os ativos brasileiros. O Brasil se destacou entre os emergentes, sustentado pelo apetite internacional por ativos de países em desenvolvimento.

O mercado de trabalho segue em bom momento: a taxa de desemprego recuou para 6,6% em abril, próxima de mínimas históricas. A renda real da população cresceu 5% no primeiro trimestre, impulsionando consumo e os resultados das empresas ligadas à economia doméstica. Embora seja natural esperar alguma desaceleração no segundo semestre, a resiliência da atividade tem levado a revisões para cima nas projeções de PIB em 2025. Por mais que tudo isso está acompanhado por mais gastos do governo e subsídios, o gringo tem visto de maneira positiva.

A principal surpresa positiva do mês foi o contingenciamento de R$ 31 bilhões anunciado pelo governo federal, valor acima das expectativas do mercado. A medida reforça o compromisso com o ajuste das contas públicas, ajudando a sustentar o bom humor dos investidores.

O processo de desinflação segue em curso, e os juros elevados começam a produzir efeitos mais visíveis. A recente elevação do IOF (apesar de controverso e ser interpretado como um possível controle de capital) encareceu o crédito, ajudando o Banco Central no controle inflacionário. A Selic foi mantida em 14,75%, mas o comunicado do Copom trouxe tom mais equilibrado, indicando que o ciclo de alta está encerrado. Os últimos dados do IGP-M e do IPCA-15 também surpreenderam positivamente, especialmente nos núcleos mais sensíveis, como serviços.

A popularidade do governo tem enfrentado desafios, o que começa a movimentar o cenário para as eleições de 2026. A percepção de que podemos ter uma troca na administração federal já começa a ser considerada nos preços dos ativos especialmente nos juros de longo prazo, que têm influência direta sobre o mercado de ações. Uma mudança de governo com perfil mais comprometido com o equilíbrio fiscal pode, desde já, começar a reduzir prêmios de risco e beneficiar a bolsa brasileira no médio e longo prazo.

Renda Fixa

O mercado de renda fixa teve um mês positivo, sustentado pelo fluxo estrangeiro para emergentes, dados econômicos domésticos consistentes e a inflação mostrando sinais de moderação.

Diante disso, o Copom elevou a Selic em 0,50 p.p., mas adotou um tom mais cauteloso, sugerindo proximidade do fim do ciclo de alta. O mercado agora trabalha com a possibilidade de apenas mais um ajuste, condicionado à trajetória da inflação no segundo semestre.

Nos ativos, destaque para os ativos indexados a inflação (IMA-B): +1,70%, seguido dos pós-fixados (CDI): +1,14% e prefixados (IRF-M): +1,08%.

Renda Variável

As empresas brasileiras começaram 2025 mais ajustadas, com menos dívidas, maior eficiência e decisões de investimento mais criteriosas. Isso contribui para a resiliência dos lucros, mesmo diante de uma esperada desaceleração do consumo. Diferente de ciclos anteriores, os juros altos têm afetado menos os resultados. Para 2026, projeta-se um ambiente mais favorável, com possível corte de juros e retomada do crescimento dos lucros.

O Ibovespa atingiu novo recorde histórico, superando os 140 mil pontos, +1,45% no mês, impulsionado principalmente pelo forte ingresso de capital estrangeiro, que já soma mais de R$ 20 bilhões no ano. Ganha força uma nova tese de investimento em Brasil, apoiada em três pilares: (i) fim do ciclo de aperto monetário; (ii) solidez dos resultados das empresas; e (iii) perspectiva de mudanças fiscais no próximo governo. Importante destacar que o mercado acionário brasileiro ainda se encontra descontado em dólar e com participação reduzida nos índices globais.

Os balanços do primeiro trimestre reforçaram a força da demanda por soluções ligadas à inteligência artificial, especialmente entre as grandes empresas de tecnologia. Esse cenário sustentou o apetite por investimentos em infraestrutura voltada à IA, com várias companhias ampliando seus planos nessa frente. Nos mercados globais, o alívio nas tensões comerciais anunciado em abril contribuiu para a recuperação dos índices. Em maio, o S&P 500 subiu 6,2%, registrando seu melhor desempenho mensal desde 2023 e revertendo as perdas acumuladas em 2025.

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Luiz Forelli

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