Contexto
Você já ouviu falar que o dólar é a moeda mais usada no mundo? Isso não aconteceu por acaso e agora, esse sistema pode estar prestes a mudar! Entender essa possível mudança pode parecer complicado, mas vamos explicar tudo de forma simples, passo a passo.
Tudo começou em 1944, quando vários países se reuniram após a Segunda Guerra Mundial para organizar a economia global. Essa reunião ficou conhecida como Acordo de Bretton Woods, e nela foi decidido que o dólar americano seria a principal moeda para o comércio internacional. Isso fez com que o dólar virasse o “padrão mundial”, usado por países do mundo inteiro para fazer negócios, guardar reservas e comparar valores.
Esse arranjo funcionou por muitos anos, mas com o tempo, começaram a aparecer problemas. Um deles é que os Estados Unidos passou a gastar mais do que produz. Isso significa que o país consome muito, importa bastante, mas não exporta o suficiente para compensar. Para sustentar esse modelo, os EUA emitem muitos dólares, aumentando sua dívida com o restante do mundo.
Por outro lado, países como a China fazem exatamente o contrário: produzem muito, exportam bastante e guardam reservas em dólar. Esse desequilíbrio gera tensão: os EUA ficam mais dependentes de outros países e perdem parte da sua força industrial, enquanto outras economias crescem às custas desse sistema.
Esse tipo de distorção foi explicado há décadas pelo economista Robert Triffin, que mostrou que o país que emite a moeda global acaba sendo forçado a gastar mais do que deveria um fenômeno conhecido como o Dilema de Triffin.
Agora, entra em cena Donald Trump. Durante seu governo e agora em sua nova campanha, ele vem defendendo mudanças profundas nesse sistema. Com apoio de assessores como Stephen Myren e Scott Bent, ele propõe o que vem sendo chamado de “Acordo de Mar-a-Lago” uma estratégia para reorganizar a posição dos EUA na economia global e corrigir os desequilíbrios que ele acredita estarem prejudicando o país.
Mas o que Trump quer mudar?
O plano defende que os EUA devem recuperar sua força produtiva e comercial. Para isso, propõe três medidas: cobrar tarifas sobre produtos importados para incentivar compras de itens fabricados internamente; renegociar acordos comerciais buscando condições mais favoráveis aos americanos; e manter juros baixos para baratear o crédito e estimular o crescimento econômico. Além disso, o plano sugere que aliados, como os países europeus, assumam mais responsabilidades com sua própria segurança, aliviando os custos militares dos Estados Unidos.
Na prática, isso significa:
• Criar tarifas alfandegárias (taxas sobre produtos importados), para tornar os produtos estrangeiros mais caros e estimular a produção americana. A indústria americana perdeu espaço nas últimas décadas. Trump vê isso como uma ameaça à segurança nacional: em tempos de crise, depender de outros países pode ser arriscado;
• Forçar outros países a negociarem acordos comerciais, sob risco de enfrentar barreiras tarifárias;
• Reduzir os déficits comerciais, especialmente com a China, que manteve sua moeda desvalorizada artificialmente para exportar mais;
• Estimular o crescimento interno com juros mais baixos. Pressionar para que os juros sejam mantidos baixos mesmo que isso implique em uma recessão.
Contanto, esse plano acompanha riscos importantes:
• Produtos importados podem ficar mais caros nos EUA, gerando inflação;
• Medidas protecionistas podem reduzir o crescimento econômico, causando recessões localizadas;
• Outros países podem retaliar com suas próprias tarifas, gerando guerras comerciais;
• Investidores podem perder confiança na economia global, gerando mais desaceleração econômica.
E o que fazer com seus investimentos?
Para o investidor, esse cenário de transição representa volatilidade. O mercado pode oscilar com força, reagindo às incertezas e aos discursos políticos. Mas mesmo em meio ao caos, existem oportunidades, especialmente para quem tem estratégia, visão de longo prazo e faz escolhas bem fundamentadas.
Por isso, mais do que tentar prever os próximos passos de Trump ou do Federal Reserve, o mais importante é manter uma estratégia de alocação de ativos inteligente, diversificada e alinhada com seus objetivos.
Se você tem caixa disponível e está se perguntando “é hora de investir?”, a resposta pode estar na história: quedas acima de 15% no mercado americano costumam oferecer boas oportunidades para quem pensa no longo prazo. Mas cada decisão deve ser tomada com cuidado, estudo e de preferência com o apoio de quem entende o cenário e conhece sua realidade. No fundo, o que Trump quer é continuar usufruindo dos benefícios de ter o dólar como moeda global, mas sem arcar com os custos disso. E para isso, ele parece estar disposto a reorganizar completamente o jogo.