Carta Mensal – Janeiro / 2024

Carta do Consultor

O ambiente econômico nos Estados Unidos apresentou sinais mistos. No lado da atividade, a primeira leitura do PIB do 4T23 dos EUA avançou 3,3%, acima das expectativas. O consumo das famílias continua sendo o principal impulsionador do crescimento. Os fundamentos do consumo seguem robustos, com um mercado de trabalho saudável e ganhos reais de salários. Quanto à inflação, o PCE encerrou 2023 com alta de 2,6%, refletindo uma desaceleração nas principais métricas acompanhadas pelo Fed e pelo mercado. Quanto à política monetária, o Fed confirmou expectativas na reunião de janeiro, sugerindo que março não parece ser o cenário mais provável para corte de juros.

Na China, os esforços para estabilizar o mercado financeiro foram evidentes, com o país considerando um pacote de estímulo significativo para conter a queda das ações e impulsionar o crescimento econômico. Apesar dos desafios enfrentados pelo setor imobiliário, a economia chinesa mostrou sinais de recuperação, com a produção industrial avançando e a demanda doméstica se estabilizando.

No Brasil, a situação fiscal do país continua sendo uma preocupação para os investidores. O governo pode alterar sua meta de déficit fiscal primário zero em 2024 para permitir despesas mais elevadas. Embora as contas fiscais não sejam terríveis, uma mudança na meta fiscal para 2024 pode aumentar a volatilidade nos mercados. Além disso, o cumprimento da meta para 2025 pode ser desafiador, uma vez que parte das receitas extras arrecadadas tem caráter pontual.

Apesar dos desafios iniciais, as perspectivas para a economia brasileira em 2024 são positivas. Indicadores qualitativos, como as medidas do núcleo e difusão da inflação, continuam a indicar uma dinâmica positiva da inflação, levando a revisões baixistas das projeções para 2024. Espera-se que a inflação seja de 3,8% no final de 2024, abaixo dos 3,9% do ano anterior. A expectativa de inflação reduzida está aumentando a confiança dos investidores de que a taxa Selic poderá atingir um dígito até o final de 2024.

Renda Fixa

O ambiente macroeconômico esteve em compasso de espera em janeiro de 2024, com o cenário externo reduzindo o otimismo e os títulos do governo americano oscilando na expectativa de novas surpresas baixistas na atividade. No Brasil, o IPCA de dezembro apresentou um qualitativo ruim, freando o otimismo em relação ao ciclo de corte de juros. A projeção para a taxa Selic terminal é de 9,5%. No crédito privado, houve uma normalização dos spreads, porém os prêmios ainda permanecem atrativos.

Quanto ao desempenho dos índices, destacamos que o IMA-B 5 registrou um aumento de +0,68%, enquanto o IMA-B apresentou uma queda de -0,45%. O CDI teve uma rentabilidade de +0,97%, refletindo ganhos estáveis para investidores em renda fixa.

Multimercado

Em contraste ao último mês, janeiro foi um mês mais desafiador para os multimercados. O índice IHFA (um dos mais relevantes índices de performance de multimercados) registrou uma variação de -0,32%, fruto principalmente das posições majoritariamente compradas em bolsa Brasil dos gestores.

Para fins de alocação, a posição busca capturar a gestão ativa, sobretudo em cesta de moedas e curvas de juros estrangeiras que usualmente não temos exposição direta. Continua sendo importante geradora de resultado por uma questão de diversificação.

Renda Variável

Foi um início de ano desafiador para as ações brasileiras. Grande parte da queda foi impulsionada pelo comportamento das taxas de juros de 10 anos dos EUA, que subiram para 4,0%. Além disso, incertezas fiscais e a fraqueza na economia chinesa e a queda das ações chinesas também contribuíram para o fraco desempenho do Ibovespa. Em contrapartida, índices americanos foram impulsionados pela atividade resiliente da economia.

O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, registrou uma queda de -4,79% em janeiro. O Índice Small Cap apresentou uma variação negativa mais acentuada, com uma queda de -6,55%. Por outro lado, índices internacionais como o Nasdaq Composite e o S&P 500 tiveram desempenhos positivos, com aumentos de +3,32% e +3,25%, respectivamente.