Carta Mensal – Novembro / 2023

Os mercados globais em novembro mostraram forte performance em ativos de renda variável com o mercado precificando o fim da alta de juros nos EUA. Como é típico nesses momentos de virada de ciclos monetários, passou-se imediatamente a discutir e precificar o início do ciclo subsequente de baixas de juros. A combinação entre surpresas baixistas de inflação, desaceleração do crescimento e a perspectiva de alívio monetário nos EUA induziu a quedas nas curvas de juros pelo mundo, enfraquecimento do Dólar americano e forte performance dos ativos de risco, inclusive renda variável e emergentes.

No Brasil, o mercado ignorou a piora do debate em torno da meta fiscal no próximo ano e preocupações com a trajetória das contas públicas. A boa performance dos ativos é explicada principalmente pela melhora externa e alguns sinais positivo para o Banco Central manter o pace de -50bps ao menos nas próximas três reuniões.

As revisões altistas do crescimento do PIB e a um bem-sucedido processo de desinflação deve colocar os juros Selic em cerca de 9,5% em meados de 2024. Em meio a um ambiente externo benigno, esse conjunto de fundamentos nos sugere uma visão construtiva no curto prazo com os ativos no Brasil, mas uma avaliação cautelosa em prazos mais longos.

Renda Fixa

Bastante coisa mudou nas últimas semanas em função (i) dos juros nos EUA, (ii) dos dados benignos de inflação e atividade aqui no Brasil e (iii) das “novidades” na frente fiscal.

Por aqui, os dados recentes de atividade econômica, emprego e inflação favorecem a queda da SELIC e dos juros longos, porém o fiscal é o principal desafio relacionado ao cenário doméstico que dificulta o movimento de queda dos juros.

As taxas de juros reais de longo prazo do Brasil, medidas pelos títulos do governo NTN-B de 2035, caíram ligeiramente no mês para 5,66% (vs. 5,77% no final de outubro). Isto deve-se provavelmente ao fato de o principal ponto de risco que afeta as taxas de juro reais de longo prazo do Brasil, nomeadamente a atual situação fiscal do país, não ter melhorado muito no último mês. Em outubro, Lula indicou que o governo poderia alterar a sua ambiciosa meta de um déficit fiscal primário zero em 2024, a fim de abrir espaço para despesas mais elevadas.

Neste sentido, continuamos vendo um bom prêmio para alocação em ativos indexados à inflação com vencimentos mais a longos, dado que o fechamento dos juros nos EUA refletiu mais nas taxas prefixadas, com pouco impacto no juro real, sobretudo em vértices mais longos.

Multimercado

Em novembro, o índice IHFA (índice de fundos Multimercados) teve performance negativa de +2,41% até 27/11, enquanto no ano acumula alta de +6,37% e em 12 meses +7,00%, com a classe de multimercados rodando, em média, ainda bem abaixo do CDI em 2023 e na janela de 12 meses.

Para fins de alocação, a posição busca capturar a gestão ativa, sobretudo em cesta de moedas e curvas de juros estrangeiras que usualmente não temos exposição direta. Continua sendo importante geradora de resultado por uma questão de diversificação.

Renda Variável

Com as taxas a 10 anos dos EUA em queda constante desde o final de outubro (atingindo um nível de 4,99% em 19 de outubro e terminando novembro em 4,33%), os mercados de ações recuperaram a nível mundial, com o S&P500 subindo 8,9% em novembro. Dado o seu perfil de risco mais elevado, o Ibovespa do Brasil subiu ainda mais, encerrando novembro com alta de 12,5% em reais e 15,3% em dólares. Os investidores estrangeiros compraram R$ 18 bilhões (líquidos) em ações brasileiras no mês, o maior fluxo estrangeiro em um único mês deste ano.

Embora as taxas reais de longo prazo ainda estejam altas (5,66%) e as previsões de crescimento real do PIB não sejam exatamente inspiradoras, as ações brasileiras estão tão baratas que melhoras marginais nas taxas reais de longo prazo ou nas perspectivas de crescimento do PIB (ou ambas) pode aumentar o potencial de alta.

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