NÃO invista sua Reserva de Emergência antes de ler esse texto

Hoje, falaremos sobre os fundos de crédito e risco versus retorno. Dentro dessa classe, as pessoas acabam por muitas vezes subestimando o risco e a probabilidade de fracasso ao investir, o que pode levar a expectativas irrealistas de retorno sem levar em consideração os possíveis riscos envolvidos.

Isso acontece porque muitos fundos de crédito demonstram uma ausência de volatilidade por longos períodos fazendo com que os indivíduos atribuam uma probabilidade próxima de zero de acontecimentos negativos, o que leva a uma decisão óbvia de investir.

A pergunta que fica, por que as pessoas subestimam o risco e a probabilidade de perda?

Até agora, minha resposta seria a seguinte: em vários fundos do mercado financeiro, a volatilidade das cotas é empregada como uma maneira de avaliar o risco. Quando a bolsa apresenta alta volatilidade, os possíveis prejuízos se tornam mais evidentes.

Normalmente, a situação é diferente em fundos de crédito. A falta de volatilidade pode levar as pessoas a considerarem a ausência de risco, apesar de ser um equívoco significativo. A situação se torna ainda mais complexa de se compreender, pois os riscos estão ocultos.

No entanto, há diversos riscos envolvidos em qualquer tipo de fundo, incluindo riscos relacionados a mudanças na equipe, no processo de investimento, na capacidade da estratégia, mercado, entre outros.

Já nos fundos de crédito, podemos considerar um risco adicional, conhecido como ciclo de crédito. Esse risco é causado pelo aumento da taxa Selic, o que pode levar a uma mudança nos investimentos, com os investidores migrando de renda variável para renda fixa e vice-versa.

Isso pode resultar em um fluxo de entrada de dinheiro nos veículos de crédito, o que leva os gestores a comprarem mais ativos de crédito, a fim de manter o limite regulatório mínimo de alocação de 50% em crédito privado para fundos dessa categoria.

Esse movimento pode levar a uma queda dos spreads de crédito. Ou seja, a diferença entre o rendimento de títulos de dívida corporativa e a taxa livre de risco (como a taxa Selic) diminui. Isso pode acontecer quando a demanda por esses títulos aumenta, levando a uma redução das taxas de juros oferecidas.

Esse movimento de queda dos spreads de crédito gera uma performance maior para os fundos via marcação a mercado, o que leva mais dinheiro para a indústria.

O problema é que esse ciclo pode ser interrompido quando há um atrito, como no caso das Lojas Americanas.

Com o surgimento do evento, os valores das debêntures da Lojas Americanas foram imediatamente reavaliados e sofreram uma queda de -50% já no primeiro dia após o evento. Conforme novas informações foram sendo incorporadas, as perdas se acumularam e atingiram -75%, havendo especulações de que alguns gestores estariam adotando uma política de marcar perdas em -100%.

Devido ao fato de que a debênture era amplamente distribuída na indústria de fundos, a perda financeira afetou a rentabilidade de vários gestores. De fato, as perdas resultantes desse único evento consumiram quase toda a rentabilidade dos fundos com liquidez mais curta.

O principal efeito secundário é a ocorrência de resgates, uma vez que os investidores começam a retirar seu dinheiro dos fundos afetados pelas perdas. Os fundos com maior liquidez são os mais vulneráveis, já que precisam vender seus ativos a qualquer preço para cobrir os resgates, o que pode levar a uma queda ainda maior na rentabilidade desses fundos. Esse movimento de resgate já está ocorrendo, com o fluxo médio de captação de R$ 639 milhões até o dia 10 sendo substituído por um resgate de R$ 496 milhões (0,20% do patrimônio líquido) atualmente.

Se você quer um lugar para ter a sua reserva de emergência, não utilize essa categoria. Utilize o Tesouro Selic, os fundos Tesouro Selic Simples, um CDB de liquidez diária de um banco de primeira linha.

Atualmente, quando estamos falando de gerar retornos acima do CDI estou mais inclinado a recomendar investimentos em multimercados, uma classe de ativos que acredito ser excelente para o momento que estamos vivendo.

Minha primeira razão para essa recomendação é que os multimercados macro recebem um “carrego” do CDI, uma vez que eles mantêm parte do caixa do fundo nesse ativo. Isso torna o instrumento competitivo, com retorno CDI + alfa, o que o torna uma fonte importante de retorno para sua carteira de investimentos.

Além disso, outra vantagem dos multimercados é que eles são verdadeiros camaleões, capazes de se adaptar a diferentes cenários. Dependendo de como percebem o mercado, esses fundos têm toda a liberdade para operar apenas nos mercados ou ativos que ofereçam as melhores oportunidades.

O momento atual é um bom exemplo disso, já que, com o mercado brasileiro bastante volátil e incerto, muitos gestores dessa classe de fundos estão apostando em mercados internacionais para garantir retornos positivos.

Embora existam muitas vantagens, entendo que a grande variedade de opções pode deixar os investidores em dúvida sobre qual multimercado escolher.

Fique tranquilo quanto a isso, na Horizon fazemos uma verdadeira diligência qualitativa e quantitativa do melhores fundos dessa categoria para se investir.

Um grande abraço a todos nossos leitores e clientes,